segunda-feira, 18 de março de 2013

Sobre voltar para casa

Ir morar num outro país é um eterno abrir mão
Você deixa tudo para trás quando vai
e você deixa tudo para trás antes de voltar
Na ida, vai abraçar o novo
Na volta, reabraçará o velho.

Não devemos nos iludir,
o novo nem sempre é bom
e o velho não é mais o mesmo.


Esse poeminha foi para entrar no assunto voltar para casa. Está chegando ao fim o nosso ano na Alemanha e estamos empacotando. Tudo de novo, novas coisas, mesmos dilemas.

Hoje sou uma pessoa diferente da que era um ano atrás. Todos somos. Nós estamos sempre em mutação, e existem experiências que acentuam esse processo. Morar em um país distante, com um idioma distante é um a dessas experiências. Conhecer outros seis países e suas culturas também (mesmo que isso seja feito em apenas quatro dias nas suas capitais). Mas no fim é o tempo nos muda não nosso localização geográfica.

O que vivemos aqui foi lindo e rico. Muitas vezes, foi difícil, chato ou dolorido. Afinal, a vida é a mesma em qualquer lugar. Apesar disso, eu vou sentir falta de cada segundo.

Por conta disso, estou apegada a coisinhas pequeninas, como o ticket do ônibus, o mapa do metrô, a carteirinha da biblioteca. Não sei se eu tenho medo de esquecer ou se é porque isso tudo me representa, me lembra de quem em sou.


Como a Bones diria "é simbólico, em algumas culturas, as pessoas guardam tranqueiras para externar quem (acham que) são".
E assim eu sou, alguém que nem sabe se ainda sabe digirir, que adora andar de ônibus, que leva suas sacolas de pano para o mercado, visita a feirinha de usados, mergulha e acha coisa boa na liquidação. Alguém que vai a museus e menos de uma hora depois já está entediada fazendo piada com as obras, que sabe o poder alegrador (isso é uma palavra?) de um Coffee to go, que adora fotografar, mas tem preguiça de fazer bem feito. Essa sou eu, e o Rafael já me chamou de hipster por isso.

Voltando para o problema inicial: como empacotar isso tudo? Como me convencer que não cabe tudo nas minhas malas e devo deixar alguma coisa? Como me convencer, então, a pagar 150 EUROS para levar mais 12 kilos de bugiganga?


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