Felicidade cotidiana n°2 - Redescobrir uma comida que gosta

Vocês já perceberam que comemos determinados alimentos por fases, épocas?

Às vezes só comemos pizza com refri, depois mudamos para sanduíche com suco. Para quem almoça fora todos os dias, a preferência por restaurantes também vai mudando.

Aqui no Rio Grande do Sul, temos as quatro estações bem diferenciadas.
Então, meu palpite é que o motivo que mais leva as pessoas a pararem de comer seus preferidos é o clima. Por exemplo, é bem desagradável tomar sopão de legumes e tomar quentão o ano inteiro. Então, os escolhidos vão mudando acompanhando as estações, coisas mais quentinhas no outono e inversos e as mais refrescantes na primavera e no verão.

O segundo motivo deve ser a falta das matérias primas. Frutas sazonais e determinados frutos do mar tem meses certos para aparecer nas prateleiras dos mercados. E acho que por essa mesma raridade é que suscitam os maiores amores – morango e camarão são bons exemplos.

O terceiro por falta de acesso, por exemplo, não como mais o maravilhoso risoli de queijo e óleo da cantina do antigo CEFET-RS, atual IFSul, pois não vou mais lá, já que eu me formei. Mais um palpite que eu tenho é por causa fim de relacionamentos, por exemplo, a menina que acompanhava seu namorado a vários churrascos dos amigos, porém ao fim do relacionamento, não come mais tanta carne assada.

Bom, o meu motivo não é nenhum desses. É mais como uma falta de máquinas e equipamentos: quando eu morava com meus pais, tínhamos o costume de tomar muita batida de banana, principalmente no verão, pois o acréscimo de gelo a receita proporcionava cremosidade e refrescância à bebida. Quando fui morar sozinha e posteriormente com meu esposo, eu não tinha liquidificador e se tornava muito custoso fazer batida com um Mixer. Eu ainda tentei algumas vezes, porém as bananas nunca ficavam bem desmanchadas. Então acabei me desacostumando e esquecendo o quanto eu gostava disso. Alguns anos depois, quando voltei a morar com meus pais era outono, logo já tinha passado a época ideal. Já nesse fim de ano, vi meus pais preparando e imediatamente comecei a sentir o sabor que tanto eu gostei. A partir de então, se tornou um ritual, todas as tardes tomar um copo bem cheio e cremoso de batida de banana com gelo. Ainda mais nas tardes desérticas que fez esse verão.

Redescobrir, ou relembrar de uma comida que gosta é como se redescobrir, é uma viagem ao passado, pois lembramos como éramos na época que ainda comíamos tal gostosura, quais sonhos tínhamos e pensamos no que nos tornamos, se saímos muito do caminho que queríamos traçar. É bom para o paladar e para alma.